desde que a lagarta me soprou teu nome
Lembra de quando andamos no banco de trás do carro? Era noite e o balanço da estrada jogava os nossos corpos um contra o outro. E de quando te beijei na varanda? Nós, o silêncio e a lua na festa dos seus amigos. Um dia fomos ao cinema e segurei sua mão no escuro, no outro andamos pela praia e você me beijou dentro de uma concha. Eu quero te beijar dentro de uma concha, você disse. E quando dançamos em slowmotion a música no bar do centro, você lembra? E depois quando um dia acordamos à mesma hora. E depois quando viajamos juntos pra ilha. E depois quando viajamos juntos pra fora dela. Um milhão de pequenas ilhas. Lembra de quando nos deitamos perto da flor, no caminho do campo? E de quando te levei comigo para a floresta? A floresta é o maior pedaço de mundo que existe, eu disse. Lembra das horas de trânsito que passamos no seu carro? Você no volante e eu nos ouvidos. Todas as memórias que inventamos desde que a lagarta me soprou teu nome. A calça verde, o vestido amarelo, a blusa vermelha: nada disso existiu.