Nós dois pra sempre na casinha dos limões

Eu teria ficado. A casinha no interior quando formos velhos com um limoeiro em tamanho médio e uma cerca direto pra rua. Eu sei que para além do relógio ter dado poucas voltas, tinha também a sua falta de palavras em meio aos outros e o excesso dos copos nos dias de semana — duas a sete vezes mais do que o que se espera. Mas para passar uns anos e conhecer o profundo e lidar junto com as coisas, eu teria ficado. E não foi que eu não quis. Ficar. Tiveram que me tirar como tiram as crianças das faixas vermelhas em meio de dezembro. Eu tirei o corpo porque, se me deixassem ali, eu ficava pra sempre. O perigo era eu ficar pra sempre, entende? Nós dois pra sempre na casinha dos limões. E não era certo, me disseram. Não era pra nós.